Novo presidente da Petrobras e homem de confiança de Paulo Guedes é contra a política de controle de preços dos combustíveis.
O economista Roberto Castello Branco, novo presidente da Petrobras a partir de janeiro, é considerado um dos homens de confiança de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia. Ao jornal "O Estado de S. Paulo", Castello Branco se posicionou totalmente contra a política de controle de preços dos combustíveis que foi adotada pela ex-presidente Dilma Rousseff. "Não se vê política (de preços) para carne e para o arroz, por exemplo. Porque isso simplesmente é o mercado."
Em maio, os caminhoneiros pararam o País por causa do reajuste ao óleo diesel. O sr. acha que esse assunto foi bem conduzido pelo governo?
O subsídio ao diesel tem de ser repensado?
Subsídio não resolve nenhum problema. Pelo contrário, acaba criando outros. Temos um sério problema de desequilíbrio fiscal. Não é recomendável que se mantenham subsídios como um todo. Vamos discutir essa questão mais à frente.
E a política de preços para os combustíveis?
Acho horrível se falar em política de preços. Isso é um sinal do nosso atraso. Não se vê política (de preços) para carne e para arroz, por exemplo. Porque isso simplesmente é o mercado. O ideal é que tenhamos vários players de mercado e que cada um decida o que é o melhor para seus clientes. É o livre mercado.
O sr. já tem ideia de que ativos poderão ser vendidos pela companhia?
Vamos avaliar. Os detalhes serão discutidos depois de uma análise criteriosa.
Parte das ações da BR Distribuidora já é negociada na Bolsa de Valores. O governo pode se desfazer de uma fatia maior da empresa?
Vamos decidir depois. A Petrobras deverá vender ativos que não fazem parte do core business. Prefiro não especular.
A Liquigás, empresa de gás de cozinha, chegou a ser vendida, mas o negócio foi barrado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Esse é um ativo que não faz sentido a Petrobras ter no seu portfólio. O mercado de distribuição de gás liquefeito ao consumidor é concentrado. Vamos encontrar uma maneira de colaborar para a desconcentração, não para acentuar essa concentração.
É algo que pode ser estudado. Há uma distorção onde uma única empresa detém 98% do negócio. É uma anomalia.
Há uma corrente mais liberal que defende a privatização da própria Petrobras...
Privatizar a Petrobras, neste momento, não está em discussão. Não tenho nenhum mandato do presidente Jair Bolsonaro para fazer isso.
Outro assunto defendido pelo mercado é a quebra do monopólio do setor de gás canalizado.
Esses assuntos deverão ser tratados, mas não envolvem exatamente só a Petrobras. Envolvem políticas públicas, Congresso. Podemos dar nossa contribuição com ideias, mas não depende da Petrobras. O gás natural é uma fonte de energia que ainda é pouco tocada no Brasil. Temos um potencial grande de produzir em larga escala e atrair investimentos.
O sr. afirmou que o foco da Petrobras deverá ser na exploração e produção. Qual modelo deverá prevalecer nesse processo?
Eu sou favorável a que se tenha um único regime de exploração, o da concessão para o mercado como um todo. No Brasil, há três regimes: concessão, partilha e tem ainda a cessão onerosa. Tenho forte preferência por um único regime. A concessão. Ponto.
O sr. considera esse modelo mais atrativo para investidores?
Acredito que os investidores gostam mais do regime de concessão. Temos de tornar o País atrativo para se fazer negócios. Isso significa mais emprego, mais renda e a construção de uma nação próspera.
Qual será o papel da Petrobras no próximo governo?
Será de uma empresa estatal séria, produtiva e que contribua definitivamente para o desenvolvimento do País. Vamos investir mais em pré-sal, atuar em setores-chave e vender o que tiver de ser vendido. No Chile, temos o exemplo da Codelco, maior produtora de cobre do mundo, que convive com outros players no mercado global e contribui para o desenvolvimento da economia chilena. O Chile é a melhor economia da América Latina. É um exemplo a ser seguido.
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